A Associação República e Laicidade manifesta a sua total solidariedade com Salman Rushdie, que foi na sexta-feira vítima de uma brutal tentativa de homicídio, à qual sobreviveu mas da qual guardará cicatrizes para o resto da sua vida. Desejamos que possa retomar a sua vida pessoal e profissional o mais cedo possível.
A liberdade de expressão é um valor fundamental da democracia e da laicidade, necessário para desafiar todas as ortodoxias, dogmatismos e intolerâncias, indispensável para a criação literária e artística. A blasfémia é um direito decorrente da liberdade de expressão, que assusta os totalitários de cariz religioso (não por acaso, este atentado foi celebrado no Irão, o país de onde partiu há mais de trinta anos a Fatwa que condenava à morte Rushdie e quem colaborasse na publicação do seu romance Versículos Satânicos). Deve aqui recordar-se o massacre da redação da revista Charlie Hebdo, em 2015, e o assassinato do professor francês Samuel Paty, em 2020, em ambos os casos facilitados pela acusação de «islamofobia», um termo que é abusado quando usado para diabolizar qualquer crítica do Islão. Como dizia Salman Rushdie em 2015, «”respeito pela religião” tornou-se uma frase de código que significa “medo da religião”. As religiões, como todas as outras ideias, merecem crítica, sátira e o nosso destemido desrespeito». Cabe a todos os espíritos livres garantir que a blasfémia continue livre.
Ricardo Gaio Alves (Presidente da Direção)
Associação República e Laicidade
15 de Agosto de 2022