Esta é a mensagem da Associação Republica e Laicidade no Dia Internacional dos Direitos Humanos de 2020.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que data de 1948, aponta-nos um horizonte a atingir, um horizonte que exige trabalho, empenhamento cÃvico, e luta quotidiana; um ideal de liberdade individual, de igualdade social, e de fraternidade universal.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos pressupõe que todos nos podemos colocar de acordo sobre os direitos fundamentais de cada um; ou seja, que esses direitos não são o produto de uma cultura especÃfica, de uma religião ou de uma filosofia, mas que são sim direitos elaborados a partir da experiência comum da Humanidade e usando a razão de que todos estamos dotados. Foi elaborada por seres humanos sem qualquer pretensão a ser um texto de inspiração divina, e existe portanto para ser cumprida neste mundo: não nos coloca um horizonte fora do mundo que todos conhecemos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos contém em si a ambição de que os direitos e liberdades sejam gozados sem «distinção alguma (…) de raça, de cor, de sexo, de lÃngua, de religião (…) ou de nascimento». É portanto verdadeiramente universalista porque coloca como objectivo uma sociedade sem discriminações nem privilégios indevidos, uma sociedade que seja cega à s diferenças de cada um, sejam essas diferenças religiosas, raciais ou outras.
Em 2020, a Declaração Universal dos Direitos Humanos continua a ser um ideal por cumprir, num mundo em que o fanatismo e a violência (frequentemente de inspiração religiosa) continuam a fazer vÃtimas, e em que a miséria e a desproteção social continuam a impedir muitos de realizarem plenamente o seu potencial.
A terminar, e como sinal daquilo que continua por fazer, é de toda a justiça lembrar a mais óbvia e grave das violações dos Direitos Humanos que ocorreu em Portugal este ano: o assassÃnio, por funcionários do Estado, de Ihor Homeniuk, um nacional ucraniano que sucumbiu a um tratamento cruel e degradante quando estava sob a tutela do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Em Portugal, em 2020, é algo inadmissÃvel, e que nos mostra como o ideal da Declaração Universal dos Direitos Humanos continua por cumprir.
Ricardo Alves