Carta da associação cÃvica R&L ao Ministro das Finanças a propósito do
INSTITUTO PORTUGUÊS DE SANTO ANTÓNIO EM ROMA
Nesta data e a propósito da estranha existência e manutenção de um estranho – aparentemente muito «devoto» – Instituto Português de Santo António em Roma (IPSAR), a associação cÃvica Republica e Laicidade remeteu ao Sr. Ministro das Finanças a seguinte carta:
Gabinete do Ministro de Estado e das Finanças,
Avenida Infante D. Henrique, 1149-009 Lisboa [gab.mf@gov.pt]
15 de Outubro de 2006
ExcelentÃssimo Senhor Ministro de Estado e das Finanças,
Sr. Professor Doutor Fernando Teixeira dos Santos,
Constatámos ainda que o referido instituto promove, como suas actividades principais, o «exercÃcio de actos do culto católico» e a realização de «actividades culturais», onde, frequentemente, também se pode constatar um idêntico e forte cariz religioso.
Desse modo,
Considerando o princÃpio constitucional de separação entre Estado e Igrejas e o entendimento daà decorrente de que a Republica Portuguesa – aparte as excepções, em nosso entender lamentáveis, também legalmente consignadas na Lei (nomeadamente as capelanias) – não deve sustentar o culto religioso, seja de que religião for, nem remunerar membros do clero, nessa sua qualidade, peloexercício de actividades de culto;
Constatando que o IPSAR não tem a sua contabilidade facilmente acessÃvel à consulta publica e uma vez que, a partir de 2004, o Ministério das Finanças deixou de disponibilizar, designadamente nos mapas «Receitas Globais dos Serviços e Fundos Autónomos» do Orçamento do Estado, o quantitativo dos dispêndios que a manutenção daquele estabelecimento acarreta para o erário publico nacional;
Considerando que, em deliberação recentemente tomada pelo Conselho de Ministros da Republica Portuguesa (resolução 39/2006, DR, I-B, de 21 de Abril), no âmbito do «Programa para a Modernização da Administração Central do Estado» (PRACE), o IPSAR não só é mantido – em confronto com uma inexorável extinção de outros institutos –, como ainda, no processo de redefinição organizacional de estruturas e recursos da administração central, é feito transitar para a dependência do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE);
Considerando ainda que estamos em véspera da entrega na Assembleia da Republica, para análise e debate pelos Deputados da Republica, da proposta de Orçamento de Estado para 2007;
Vimos solicitar a Vossa Excelência, Senhor Ministro das Finanças, que nos esclareça detalhadamente sobre as seguintes matérias:
- O volume das verbas publicas que, nos ultimos anos, têm sido dispendidas para sustentar a existência daquele Instituto Português de Santo António em Roma, bem como a discriminação das diferentes rubricas e actividades em que elas têm sido aplicadas;
- As razões que serviram de fundamento, quer à opção da manutenção em funcionamento do referido Instituto Português de Santo António em Roma, quer à da sua transferência para a tutela do MNE;
- O volume das verbas publicas que o actual Orçamento de Estado consigna ao referido Instituto Português de Santo António em Roma, bem como a discriminação das diferentes rubricas e actividades em que elas serão aplicadas.
Sem outro assunto, subscrevemo-nos
a bem da Republica
Luis Mateus (presidente), Ricardo Alves (secretário)
acesso a: arquivo R/L (pdf)
acesso a: IPSAR no Anuário do Ministério das Finanças de 2006 – arquivo R&L (pdf)
nota: embora o antigo «site» do Instituto tenha sido entretanto desactivado, existe um (novo?) «site» do IPSAR, todo redigido em italiano (?!).