1. Os humanistas esforçam-se por ser éticos

Aceitamos que o sentido moral é inerente à condição humana, que esse sentido se baseia na capacidade dos seres vivos de sofrer e de florescer, que é motivado pelos benefícios de ajudar e de não prejudicar, que é tornado possível pela razão e pela compaixão, e que não carece de qualquer fonte fora da humanidade.

Afirmamos o valor e a dignidade do indivíduo e o direito de cada ser humano à maior liberdade possível e ao desenvolvimento o mais pleno possível que seja compatível com os direitos dos outros. Para estes fins, apoiamos a paz, a democracia, o Estado de direito e os direitos humanos universais consagrados legalmente.

Rejeitamos todas as formas de racismo e de preconceito, assim como as injustiças que deles decorrem. Procuramos antes promover o florescimento e a comunhão da humanidade em toda a sua diversidade e individualidade.

Consideramos que a liberdade pessoal deve ser concertada com a responsabilidade perante a sociedade. Uma pessoa livre tem deveres para com os outros, e sentimos um dever de proteção para com toda a humanidade, incluindo as gerações futuras, e para além disso para com todos os seres sencientes.

Reconhecemos que somos parte da natureza e aceitamos a nossa responsabilidade pelo impacto que temos sobre o resto do mundo natural.

2. Os humanistas esforçam-se por ser racionais

Estamos convencidos de que as soluções para os problemas do mundo residem na razão e ação humanas.

Defendemos a aplicação da ciência e da livre investigação a esses problemas, cientes que, embora a ciência forneça os meios, os valores humanos devem definir os fins. Procuramos utilizar a ciência e a tecnologia para melhorar o bem-estar humano, e nunca de forma insensível ou destrutiva.

3. Os humanistas procuram a realização nas suas vidas

Valorizamos todas as fontes de alegria e realização individuais que não prejudiquem terceiros, e acreditamos que o desenvolvimento pessoal através do cultivar de uma vida criativa e ética é um empreendimento para toda a vida.

Por conseguinte, valorizamos a criatividade artística e a imaginação e reconhecemos o poder transformador da literatura, da música e das artes visuais e performativas.

Apreciamos a beleza do mundo natural e o seu potencial para gerar deslumbramento, espanto e tranquilidade.

Apreciamos o esforço individual e comunitário na atividade física, e as oportunidades para a camaradagem e realização pessoal que esta oferece.

Estimamos a busca do conhecimento, e a humildade, sabedoria e perspicácia que este nos proporciona.

4. O humanismo dá resposta à busca generalizada por uma fonte de significado e de propósito, tornando-se uma alternativa à religião dogmática, ao nacionalismo autoritário, ao sectarismo tribal, e ao niilismo egoísta

Embora acreditemos que o empenhamento com o bem-estar humano deve ser intemporal, as nossas opiniões particulares não se baseiam em revelações fixadas para todo o sempre. Os humanistas reconhecem que ninguém é infalível ou omnisciente, e que o conhecimento do mundo e da humanidade só pode ser atingido através de um processo contínuo de observação, de aprendizagem e de repensamento.

Por estas razões, não procuramos evitar o escrutínio nem impor a nossa visão a toda a humanidade. Pelo contrário, estamos empenhados na livre expressão e troca de ideias, e procuramos cooperar com pessoas de diferentes crenças que partilhem os nossos valores, tudo pela causa da construção de um mundo melhor.

Sentimos confiança no potencial da humanidade para resolver os problemas com que nos confrontamos, através da livre investigação, da ciência, da empatia, e da imaginação na promoção da paz e do florescimento humano. Apelamos a todos os que partilham estas convicções a juntarem-se a nós neste esforço inspirador.

Esta declaração foi adotada pela Internacional Humanista na Assembleia Geral de 2022