Um grupo de comediantes monárquicos hasteou uma bandeira «azul e branca» na Praça do Município.
As possíveis consequências legais do acto são conhecidas e não merecem comentário.
A acção, apresentada como humorística, tem uma dimensão política – tentar reduzir a implantação da República a
um hastear de bandeira – que merece um rápido comentário.
A República não foi apenas proclamada em Lisboa, na manhã de 5 de Outubro. A República fora instaurada em Loures, em Grândola, na Moita e no Barreiro (entre outras localidades da península de Setúbal), no dia 4 de Outubro. A acção envolvera não apenas o Partido Republicano (que em Lisboa já chegara a ter 62% dos votos, e cuja forte implantação nos centros urbanos originara uma lei eleitoral destinada a prejudicá-lo), mas principalmente a Carbonária, uma organização popular que contava com dezenas de milhar de membros.
Os combates em Lisboa foram movimentados e causaram dezenas de vítimas que devem merecer o respeito de todos.
A fuga do rei traduz uma derrota militar e a ausência de apoio popular à monarquia.
Finalmente: o movimento republicano tinha um projecto de laicização, democratização e descentralização do Estado, valores de liberdade, igualdade e fraternidade, e iniciativas de fomento da instrução, da igualdade cívica e de crescimento económico. Ignora-se qual seja o projecto de sociedade dos neo-monárquicos.
Media:
- «D. Duarte elogia bandeira que restaura monarquia» (Diário de Notícias, 11/8/2009)
- «Comunicado» (31 da Armada, 10/8/2009)
- «Restaurar de escadote» (Diário de Notícias, 11/8/2009)
- «A fase infantil» (Der Terrorist, 10/8/2009)
- «Vejam bem o que o 31 queria “restaurar”» (Cinco Dias, 10/8/2009)
- «Os greenpeaces do rei» (Cibertúlia, 10/8/2009)
- «A máquina do tempo do 31 da Armada» (Cinco Dias, 10/8/2009)
- «O Rei Vai murcho» (Avenida Central, 10/8/2009)
- «Os comunicados do CDS? A indignação dos bloggers de direita? Os comícios do Mário Crespo?» (Arrastão, 11/8/2009)
- «Angolisboa restaurada» (Cibertúlia, 11/8/2009)
- «Câmara Municipal de Lisboa» (Ponte Europa, 11/8/2009)
- «É só bandeira…» (No Cesto da Gávea, 11/8/2009)
- «Ou seja, podiam ter participado em workshops sobre desobediência civil» (Arrastão, 11/8/2009)
- «Aqui, Luke Skywalker» (Esquerda Republicana, 11/8/2009)
- «Um rei assim» (O Caderno de Saramago, 12/8/2009)
- «Azul Eufémia» (Correio da Manhã, 12/8/2009)
- «Câmara de Lisboa – A guerra das bandeiras» (Ponte Europa, 12/8/2009)
- «Um milagre!» (Esquerda Republicana, 12/8/2009)
- «Monárquicos prestam vassalagem à República» (rui.tavares.net, 13/8/2009)