FALTA UMA EXPLICAÇÃO:
MANIFESTANTES ANTIFASCISTAS VIOLENTAMENTE REPRIMIDOS A 25 DE ABRIL!
1 – OS FACTOS EM SEQUÊNCIA (tal como os conseguimos apurar):
1.1 – Em Lisboa, no âmbito das comemorações do 25 de Abril e no seguimento da «grande manifestação» que, como é costume, desceu a Avenida da Liberdade, foi prevista (sem prévia oficialização junto do Governo Civil) a organização e o desfile, entre a Praça da Figueira e o Largo do Camões, de uma «manifestação anti-autoritária» contra o Fascismo e o Capitalismo; uma demonstração que pudesse constituir um veemente protesto contra as expressões públicas (xenófobas e não só), quer do partido PNR, quer de agrupamentos neo-nazis/fascistas que lhe estão próximos.
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cartaz de convocação da manifestação
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Praça da Figueira: início da manifestação
Largo do Camões: termo da manifestação
1.2 – Desfeita a manifestação, quando uma parte das pessoas que nela se tinham integrado, depois de percorrerem a Rua Garrett, desciam informalmente a Rua do Carmo, em direcção ao Rossio, depararam com forte aparato policial a barrar a saída inferior daquela via
1.3 – Quando se aperceberam da situação de impasse, os manifestantes ainda tentaram retroceder e subir de novo a rua; contudo, estavam já encurralados por um segundo corpo policial que, entretanto, se tinha posicionado no cimo da calçada do Carmo.
1.4 – Sem que tivesse sido tentada qualquer diligência tendente a resolver a situação de modo ordeiro e pacífico, sem que tivesse sido feito qualquer tipo de aviso prévio, os manifestantes antifascistas – bem como os transeúntes que, àquela hora, estavam no local – foram então objecto de uma brutal carga dos agentes da polícia anti-motim.
acesso a relatos e imagens:
- aqui | doc/R&L (pdf)
- aqui | doc/R&L (pdf),
- aqui, aqui e aqui
- semanário Expresso | doc/R&L (pdf)
- Portugal Diário | doc/R&L (pdf)
- documento vídeo (Google)
1.5 – As descrições e explicações fornecidas pela polícia relativamente a estes acontecimentos referem um conjunto de distúrbios – «pichagem» de paredes e de montras, quebra de uma vitrina, lançamento de «verylights»… – provocados pelos manifestantes, bem como uma sua suposta – e antecipadamente conhecida (!?) – intenção de assalto à sede do PNR (na Rua da Prata) como sendo os justificativos da «intervenção policial preventiva». Referem também uma posterior apreensão de bastões de madeira e metal, bem como de «cocktails molotov».
1.6 – Os relatos «civis» entretanto vindos a público, quer na imprensa, quer em muitos espaços da «blogosfera», sem ocultarem os «excessos» cometidos pelos manifestantes (pintura da parede, etc.), sem escamotearem a intenção de se manifestarem em frente à sede do PNR, deixam contudo à responsabilidade das forças policiais o lançamento dos «verylights», a quebra da vitrina e, sobretudo, a violência brutal de uma intervenção que terá sido pautada pelo «mote» (gritado no início da pancadaria pelo comandante da força policial) “é o que vocês merecem, «comunas» de merda; merecem é levar nos cornos…!!!”. Acresce ainda que vários testemunhos referem a existência de «agentes (policiais) infiltrados» – que, a dado momento, se terão virado contra os manifestantes – e sugerem a organização premeditada de uma «operação punitiva» (compensação pela recente repressão aos neo-nazis/fascistas?)…
dois dos (supostos) «agentes (policiais) infiltrados»
2 – ALGUMAS QUESTÕES QUE SE IMPÕE LEVANTAR
Do confronto do discurso «policial/oficial» com os relatos «civis» ressaltam várias incongruências ainda não cabalmente esclarecidas, algumas questões ainda não suficientemente respondidas e, designadamente, as seguintes:
- porquê a carga da polícia sem aviso prévio? quem a ordenou? estava antecipadamente prevista? por quem? com que objectivo?
- porque não se tentou obviar aos comportamentos eventualmente excessivos dos manifestantes de modo ordeiro, pacífico e pacificador?
- quem afinal disparou os «verylights», os manifestantes ou a polícia? que manifestantes? que agentes da polícia?
- a quem se deveu, afinal, a quebra da montra? aos manifestantes? à carga policial?
- terá sido mesmo gritada a frase “é o que vocês merecem…!!!”? quem a gritou? em que qualidade?
- os supostos «bastões» de madeira e metal seriam isso mesmo ou não passariam, afinal, de meros «paus de bandeira»?
- haveria mesmo «cocktails molotovs» nas mãos dos manifestantes? quem os detinha?
- haveria mesmo «agentes infiltrados» entre os manifestantes? eram efectivamente da polícia? eram meros provocadores? a que título se infiltraram entre os manifestantes? com que objectivos? que papel tiveram em todo o desenrolar da «operação»?
3 – O QUE SE ESPERA
Como é óbvio, para responder cabalmente a todas as dúvidas e questões que podem ser suscitadas pelos acontecimentos que mancharam as comemorações de 25 de Abril passado não são suficientes, nem as explicações públicas que a PSP divulgou pelos meios de comunicação social, nem as declarações que a Plataforma Antiautoritária contra o Fascismo e o Capitalismo também distribuíu.
acesso a:
- declarações da PSP | doc/R&L (pdf)
- comunicado dos manifestantes | doc/R&L (pdf)
Esperamos, assim, que este assunto seja devidamente assumido pelo Ministério Público (Procuradoria Geral da República) e que, depois de devidamente investigado e informado, seja formalmente julgado e venha a ser objecto de veredicto de um juiz, com as adequadas condenações disciplinares e/ou penais a todos os prevaricadores.
acesso a: Decreto-Lei nº 406/74 [Direito de Reunião e Manifestação]