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O Director do Diário Económico entendeu não nos conceder o direito de resposta ao artigo de José Manuel Moreira que nos associava à (fantasiada) «campanha internacional contra o natal». Fica aqui a carta cuja publicação foi recusada.

O laicismo, tal como o entendemos na Associação República e Laicidade (ARL), realiza-se através da distinção entre a esfera privada, individual e associativa – onde os cidadãos são livres para professar ou não uma religião – e a esfera estatal – que devido ao poder coercivo do próprio Estado deve ser independente das igrejas e comunidades religiosas e neutro em matéria confessional. Como seria para nós extremamente perni-cioso que o Estado se imiscuísse nas celebrações privadas do natal, perguntamos respeitosamente a José Manuel Moreira se conhece algum cidadão português que tenha sido impedido de ir à missa, rezar em casa, fazer um presépio, trocar prendas ou comer bolo-rei? Se não conhece nenhum caso, regozijamo-nos mas também concluímos que a «guerra ao natal» é realmente uma invenção da imprensa, construída a partir de casos mal contados como o do «intervalo de inverno» de Birmingham, sobre o qual basta dizer que na única vez em que se realizou (1997), a câmara municipal esteve decorada com uma faixa que desejava «feliz natal, Birmingham»…

A razão para esta polémica parece-nos evidente: cada vez mais cidadãos se afastam – livremente – das celebrações religiosas do natal, o que ofende os mais conservadores. Na ARL, e ao contrário de José Manuel Moreira, não consideramos «imprescindível» que haja um «fundamento religioso (…) para a unidade da sociedade», e acreditamos que apenas valores realmente universais como a liberdade individual, a igualdade de direitos dos cidadãos e a laicidade podem unir todos os cidadãos.